O Pedreiro

Um pedreiro ganhava a vida extraindo pedras da montanha. Era um trabalho cansativo e ele vivia se lamentando: "Por que a minha sina é ser tão pobre e humilde?"
Um dia ao subir ao topo da montanha, ele avistou um desfile. O rei estava passando e o povo o aclamava e jogava flores na carruagem real. O pedreiro, diante de tal visão, pensou: "Eu desejaria ser rei." O pedreiro não sabia que aquele era o seu momento de graça, durante o qual seus desejos seriam atendidos. Subitamente se viu transformado, sentado na carruagem real, trajando arminho e sentiu-se a pessoa mais poderosa do mundo.
Algum tempo depois, o sol muito forte o fez transpirar sob as pesadas vestes. Ele pensou: "Se o sol é capaz de me humilhar, então ele é mais poderoso do que eu e desejo ser o sol." Ele se sentiu poderoso, pois era capaz de dar luz e calor a tudo no mundo. Mas, de repente, sentiu-se muito frustrado porque uma grande nuvem se colocara abaixo dele obstruindo seus raios. Ele pensou: "Se uma nuvem pode frustrar o sol, então a nuvem é mais poderosa. Eu desejo ser uma nuvem."
Sua alegria durou pouco, pois subitamente ele foi arrastado por um violento golpe de vento, contra o qual ele nada podia fazer. E ele pensou: "Então eu serei o vento, e se sentiu poderoso."
Mas, de repente, ele se deparou com uma alta montanha e por mais que soprasse não conseguia passar. Se a montanha é mais poderosa, eu quero ser uma montanha e agora, de fato, era o mais poderoso.
Repentinamente, ele sentiu uma dor aguda. Um pedreiro, com uma picareta afiada, estava arrancando pedaços dele. "Como isto é possível? Se alguém pode me ferir, deve ser mais poderoso do que eu. Eu desejo ser este homem."
Seu desejo foi realizado, e ele foi transformado no mais poderoso de todos os seres: UM PEDREIRO.

No sentido metafórico, este conto nos mostra a procura de como resgatar o valor do presente, desmistificando ilusões de que sonhos de poder nos trarão uma vida rica em oportunidades ilimitadas.
Muitas vezes nos deixamos levar por especulações futuras, em que corremos o risco de junto com o que desejamos vir o que não queremos ter. O futuro é virtual, e real é a segurança do presente - a maior miragem está em nossa própria identidade. É necessário que nos reconheçamos em nosso verdadeiro “eu”, sabendo que o bem feito é o que bem sabemos fazer.
Na busca pela sabedoria e verdade nos perdemos em devaneios esquecendo nossos valores e nossa realidade. A não aceitação de ser como somos nos fará com que deixemos de aprimorar o que melhor temos – nossa essência.

“Não busques grandezas para ti, não ambiciones honrarias. Não desejes a mesa dos reis, porque a tua mesa é maior que a deles e a tua coroa maior que as suas.” (Talmude)

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