Prazer público

Orgasmos e escovas de dente - o público quer prazer

Prazer. Esse é o principal combustível de tudo que fazemos. De comer um bom prato a arrancar aquela casquinha de ferida deliciosa que já cicatrizou e tá sequinha, altinha, bem durinha e quase caindo, tudo que o Homem faz – com ou sem a Mulher – é em busca do prazer. E não poderia ser diferente na internet.

A web, inclusive, trouxe para muitos maiores carentes a possibilidade de realizar prazeres que antes eram inimagináveis. Afinal, se um ser humano já é assustador sem ninguém por perto vigiando, fica ainda pior com uma conexão banda larga. Se você ainda duvida, basta digitar “prazer” em qualquer buscador e ver que tipo de resultado aparece em destaque. Só não faça isso quando estiver em um ambiente de trabalho, por favor.

Logo, quando você criar qualquer coisa para o meio digital – seja um site, um hotsite ou uma campanha de banners –, tenha sempre em mente que, de uma forma ou de outra, deverá proporcionar algum tipo de prazer para seu público-alvo. Caso contrário, não adianta nada gastar tantas horas-homem se outros homens não quiserem gastar horas vendo o que você fez. E só conheço, até hoje, um site que tem uma audiência gigantesca sem proporcionar nenhum tipo de prazer a quem o visita: www.receita.fazenda.gov.br

Aí você deve estar se questionando: então eu devo apelar e encher meu site de gente pelada pra todo mundo querer ver? Mas quem disse que esse prazer precisa ser físico? Ele pode ser de vários outros tipos: visual, intelectual, textual, sonoro etc. O importante é gerar no visitante algum tipo de satisfação por estar lá – seja com as duas mãos no teclado ou com uma só. Senão, com a oferta de prazeres gratuitos que a internet oferece hoje em dia, será um imenso prazer pra ele clicar naquele X no canto superior da tela.

E essa desilusão acontece, pelo menos comigo, em vários endereços que visito mundo online afora. Muitas vezes dá até pra perceber que houve a intenção de agradar, mas já na home page você percebe que o visual está mal cuidado, que os textos estão tão atrativos quanto a posologia de uma bula e que a navegação, de tão confusa, só pode ter sido criada pelo Pedro Álvares Cabral. Em alguns casos, as peças têm até vídeos interativos super bem produzidos. Só que os textos que os atores falam são tão ruins que dá uma certa “vergoinha” deles, tadinhos.

E vamos acabar de vez com as desculpas de quem reclama dos baixos investimentos em internet: o fato de proporcionar prazer ou não independe da verba investida. Se o dinheiro for pouco, o nosso desafio só será maior. Só isso. E servir uma boa comida nunca foi exclusividade dos grandes restaurantes – tanto que muita gente até prefere o tradicional tempero da comidinha caseira.

A regra pra ter sucesso na web, portanto, não difere muito do princípio de qualquer restaurante: nunca deixe seu cliente ir embora insatisfeito. E ela vale para qualquer tamanho de projeto: de um blog a um vídeo viral, de um site de e-commerce a uma landing page. Se as pessoas não sentirem nenhum prazer em estarem lá, seu site será tão acolhedor quanto a cadeira de um dentista – e eu nunca ouvi ninguém dizer “hmmm… tô querendo me divertir um pouquinho… acho que vou fazer um canal no meu molar”.

Por isso, defendo a seguinte teoria: se as pessoas atingissem o orgasmo enquanto escovam os dentes, não haveria mais cárie no mundo. Já imaginou que revolução seria? Pastas-de-dente com sabores afrodisíacos, pobres com os dentes muito melhores que os ricos e escovas-de-dente que vibram vendidas em Sex Shops. Mas o Todo-Poderoso, sábio como sempre, preferiu unir o êxtase à preservação da espécie humana – pois, caso contrário, a Índia teria hoje a população de Lichenstein.

E resta a nós, profissionais da comunicação, a árdua tarefa de encontrar novas formas de entreter as pessoas. Mas não reclame: você poderia ter se formado em odontologia.

Por Eco Moliterno

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